sábado, 30 de maio de 2009

Jovens açorianos devem votar nas eleições europeias

O apelo foi feito por André Bradford, em reunião informal com um grupo de jovens do Pico, por ocasião da visita que o Executivo Regional está a fazer aquela ilha.

O secretário regional da Presidência, André Bradford, apelou à participação dos jovens nas eleições europeias, considerando que se trata de um dever de cidadania activa, no contexto da União Europeia. Foi esta a ideia central, que marcou o encontro do secretário regional com os jovens da ilha do Pico, inicitiva inserida na agenda da visita que o Governo Regional está a fazer aquela ilha.
Na mesa redonda para a discussão das questões europeias, André Bradford apelou aos jovens presentes, para se envolverem na política e nas decisões europeias através do seu voto, nas eleições que se realizam no próximo dia sete de Junho.
O espaço de debate, em ambiente mais informal, deu lugar a uma conversa aberta sobre a participação cívica dos jovens, em geral e eleições europeias, em particular.
Em relação às eleições europeias, o secretário regional lamentou o decréscimo do número de eleitores às urnas, referindo que a participação política nos actos eleitorais tem vindo a diminuir, de uma forma geral, por toda a Europa, em particular em Portugal e mais ainda nos Açores. André Bradford apontou como exemplo a elevada abstenção das últimas eleições europeias, nas quais apenas 31% dos portugueses foi às urnas.
No entanto, acrescentou o responsável, “quase tudo o que se passa nos Açores tem uma definição prévia em Bruxelas e isso é válido para várias áreas políticas, como por exemplo, o caso da agricultura”. André Bradford continuou ao dizer que “as regras genéricas de apoios, de sistemas de incentivos, entre outras, são todas medidas definidas em Bruxelas”, razão pela qual “é importante que os Açores estejam representados nas instâncias europeias”. Para o secretário regional, “deputados que conheçam os Açores, que percebam o que é a realidade açoriana, que saibam quais são os problemas dos Açores e que junto do órgão europeu que decide, saibam defender a causa dos Açores” são vitais para a Região.

Jornal Diário

Jovem de 13 anos baleado por vingança

Um jovem, de 13 anos, estudante, foi atingido a tiro de caçadeira numa perna, em Feijó, Almada, tudo leva a crer que por vingança. O suspeito está identificado, tem cerca de 20 anos e é conhecido por roubos e tráfico.

O caso ocorreu, na noite de anteontem, no Bairro do Chegadinho, uma zona do Feijó, na Margem Sul do Tejo, constituída por uma área de habitação social e outra de casas abarracadas.

O jovem, de nome João, mas conhecido por Dedé, "estava aqui na rua connosco, estávamos a conversar", segundo contou, ao JN, um amigo da vítima. "Ele não se metia em confusões, andava na escola, é um miúdo porreiro", salientou o mesmo amigo, a propósito do caso.

A ser assim ou não, a verdade é que cerca das 22 horas horas de anteontem, o jovem encontrava-se sozinho na rua - segundo garantiram os amigos -, nas traseiras de um prédio social perto de umas escadas que dão acesso à zona mais degradada do bairro onde morava.

O estrondo do disparo foi bem ouvido por toda a gente, mas não foi de imediato identificado. "Eu pensei primeiro que era um foguete", adiantou uma moradora ao JN. Os gritos do jovem, no entanto, deram conta de que a situação era grave. E quando vários moradores chegaram ao local, alertados pelos gritos, Dedé estava caído no chão, sangrando de uma das pernas, gravemente esfacelada pelo disparo, feito à queima-roupa e com recurso a munição de zagalote. "Ele só chamava pela mãe, chorava muito com as dores", adiantou uma moradora ao JN.

Amigos da vítima referiram que o atacante terá vindo de moto e com o capacete a esconder-lhe o rosto, chegou a saltar o passeio para se aproximar de Dedé, abrindo então fogo directamente sobre o jovem.

O disparo atingiu-lhe o músculo de uma das pernas, lacerando-o gravemente. Transportado para o Hospital Garcia de Horta, ainda ontem à tarde permanecia internado, depois de sofrer uma intervenção cirúrgica, para lhe ser reconstituído o músculo.

As autoridades acreditam que se tratou de um tiro de aviso ou por vingança. "Normalmente os disparos nas pernas têm esse objectivo", mas estranham também que o alvo tenha sido um jovem de 13 anos, em relação ao qual não há referências policiais.

O suspeito do crime é um indivíduo com cerca de 20 anos, que mora também no Bairro do Chegadinho. Até ontem à noite, ainda não tinha sido detido. "É um indivíduo que já está há muito referenciado por roubos e tráfico de droga", apontou, ao JN, uma fonte policial.

Jornal de Notícias

"Jogo da bolha" rende um milhão a falsos polícias

Três indivíduos, de farda e encapuzados, munidos de metralhadoras e caçadeira, surpreendem cerca de 800 pessoas numa quinta em Gaia. Vítimas não se queixaram às autoridades.

Vestidos de polícias, encapuzados, com metralhadoras e caçadeira, três indivíduos surpreenderam cerca de 800 pessoas que, anteontem à noite, participavam no "jogo da bolha", numa quinta em Gaia. Assalto pode ter rendido até um milhão de euros.

Estava repleto o salão de festas da Quinta de S. Salvador, em Oliveira do Douro, Gaia. Eram cerca de 22.30 horas e ainda nem tinha começado o jantar. O ambiente estava animado e a esperança de multiplicação do dinheiro no auge quando os três assaltantes, que entraram nas instalações através da cozinha, apanharam tudo e todos de surpresa. "Mãos ao ar! Assalto!", terão gritado, para espanto geral.

Usando coletes e fardas com a inscrição "Polícia", semelhantes às do Corpo de Intervenção, o trio efectuou de imediato disparos de intimidação contra o tecto. Na mira das armas - duas metralhadoras Uzi e uma "shotgun" (caçadeira) - os participantes do "jogo da bolha" e os vários funcionários foram obrigados a deitar-se no chão e a não oferecer resistência. Houve quem conseguisse correr pela porta fora, em pânico. Um dos presentes ficou, então, incumbido de recolher, pelas mesas, os envelopes com o dinheiro que seria investido no jogo.

"Vi o pessoal todo aninhado e com as mãos atrás da cabeça. Quando ouvi gritos escondi-me debaixo da banca. Só rezava", contou, ao JN, Rosa Carvalho, uma funcionária, que na altura do assalto estava num anexo do restaurante a lavar pratos. "Peguei no telemóvel para tentar ligar a um responsável da quinta e chamar a Polícia, mas um dos assaltantes viu-me e retirou-mo. Ouvi pessoas a dizer: 'Lá se foram os envelopes", adiantou.

No meio da confusão, um dos funcionários foi agredido a pontapé e teve de receber tratamento hospitalar a ferimentos ligeiros. Houve também alguns danos em mesas e louça estilhaçada. O INEM foi ao local, uma vez que algumas das pessoas ameaçadas sentiram-se mal. A investida terá durado entre cinco e dez minutos e, no final, segundo o JN apurou, o trio ainda desejou "boa noite e bom jantar" aos participantes.

O JN tentou ouvir algum responsável pela Quinta de S. Salvador, mas a única resposta obtida foi: "Não há declarações a dar". De resto, naquelas instalações, o dia de ontem correu dentro da normalidade. De acordo com vizinhos, que apenas se aperceberam do que tinha acontecido após a chegada de várias viaturas policiais, a noite de anteontem foi bastante concorrida na quinta. "As ruas à volta estavam cheias de carros de boas marcas. Era só carros a chegar. Aquilo parecia uma excursão a Fátima", comentou um dos moradores, sublinhando que aquele cenário é recorrente. Houve quem visse, logo a seguir ao assalto, "pessoas atrapalhadas" a meterem-se nas viaturas.

O montante arrecadado pelos assaltantes, que terão fugido numa viatura, não poderá ser calculado com rigor, mas as autoridades apontavam para centenas de milhares de euros, eventualmente a rondar o milhão. O facto de as vítimas não terem formalizado queixa, dada a clandestinidade do jogo, dificulta as investigações. Os lesados nem esperaram pela chegada dos polícias, abandonado apressadamente o local. A PSP limitou-se a identificar os funcionários.

Tendo em conta que, alegadamente, o mínimo de dinheiro a investir seria de dez mil euros por pessoa e de, na semana passada, terem sido distribuídos pelos jogadores cerca de 950 mil euros, tudo aponta para um roubo milionário. A Polícia Judiciária suspeita que a investida foi preparada ao pormenor por indivíduos que conheciam bem os meandros do "jogo da bolha" e que até já terão participado em eventos do género.

Jornal de Notícias

Espanha e Portugal unidos no combate a espécie infestante

Portugal e Espanha adoptaram medidas conjuntas para combater a espécie infestante Azolla detectada na albufeira de Cedillo, na província de Cáceres.

A presença desta espécie aquática flutuante “está localizada e não se expandiu”, sublinhou o Ministério do Ambiente no mesmo comunicado em que garante que as autoridades portuguesas e espanholas “estabeleceram um programa de acompanhamento da situação e monitorização deste pteridófito e da qualidade da água com o objectivo de serem adoptadas as medidas consideradas adequadas”.

Esta planta existe naturalmente na Península Ibérica, sendo utilizada como fertilizante azotado na cultura do arroz e ainda no tratamento de efluentes. “A situação detectada”, garante o ministério, “não representa perigo para a saúde humana, quer por ingestão ou por contacto directo”.

Para garantir que assim seja, e "para evitar a propagação da planta", a Confederação Hidrográfica do Tejo analisou a qualidade da água e encerrou o turbinamento nas barragens de Alcântara e Cedilho.

Público

Dificuldades com nadadores salvadores impedem abertura de 25 praias no Algarve

As dificuldades registadas na contratação de nadadores salvadores vai impedir a abertura de 25 praias do Algarve na data de início da época balnear, segunda-feira, disse à Lusa a Autoridade Marítima do Sul.

"Num total de 210 praias concessionadas no Algarve, 25 não vão abrir por dificuldades com os nadadores salvadores, o que representa cerca de 10 por cento", afirmou o comandante Marques Ferreira.

O responsável da zona marítima do Sul adiantou que "houve um número significativo de praias que abriram antes de 01 de Junho", data oficial da abertura da época balnear.

Marques Ferreira precisou que abriram antes do arranque da época balnear "35 por cento das praias localizadas na área da capitania de Vila Real de Santo António, 25 por cento na de Tavira, 26 por cento na de Faro, 87,5 por cento na da delegação marítima de Albufeira, 47 por cento na da capitania de Portimão e 14 por cento na de Lagos".

"Todas as outras abrem a partir de 1 de Junho, com excepção para essas 25 praias, que não vão abrir por dificuldades com os nadadores salvadores", frisou o comandante.

Das praias que não vão abrir, três são em Vila Real de Santo António, uma em Olhão, duas em Faro, 10 em Portimão e nove em Lagos. Marques Ferreira explicou que o número mais significativo de praias que não vão abrir regista-se na área da capitania de Lagos, porque "grande parte está situada na Costa Vicentina e só tem uma maior afluência de pessoas a partir de Julho", devido a ser uma zona "mais fria e mais ventosa".

Público

Obama procura concretizar desmilitarização militar

O novo presidente norte-americano fez da campanha a favor do desarmamento mundial uma das suas bandeiras na campanha que o levou até à Casa Branca, agora a nova Administração americana tenta acertar agulhas com Moscovo para que os arsenais nucleares de ambos os Estados sejam diminuídos

Até ao último Verão, o mundo pensava que o perigo de uma utilização nuclear passava por uma utilização descabida, de armas de destruição massiva, na região da Caxemira ou através de um ataque com base em Pyongyang ou Teerão, caso o programa nuclear de Ahmadinejad venha a obter sucesso.
Contudo, após o despontar de um inesperado conflito na zona do Cáucaso, com a Rússia a invadir a Geórgia e a afrontar directamente os interesses do Ocidente, fazendo assim pairar no ar a ideia de uma nova Guerra Fria, há muito esquecida, após o fim do mundo bipolar, fizeram com que se tivesse a noção de que a atitude da Rússia dos nossos dias volta a ser mais musculada, numa tentativa de se impor na arena internacional e recuperar a hegemonia na sua esfera de influência, ameaçada pelas aproximações da OTAN.
Este regresso de uma Rússia forte, possuidora de um grande potencial atómico e a fazer renascer uma política de pulso forte e com vontade de relançar a imagem do país como grande potência mundial, o que faz crescer o receio sobre um possível conflito de larga escala faz com que a tentativa de Obama em diminuir o potencial nuclear seja encarada com maior ênfase.

Discussão nuclear já se iniciou

Tendo em vista tal objectivo, a Rússia e os Estados Unidos iniciaram na passada semana, em Moscovo, depois de reuniões preparatórias anteriormente decorridas, as negociações sobre o desarmamento nuclear. Este passo ganha ainda mais importância, uma vez que nos aproximamos a passos largos de Dezembro, altura em que se extingue o tratado START, que visa limitar os arsenais dos dois países.
As conversações que decorreram em Moscovo, tiveram a duração de dois dias, período em que muito se deve ter discutido em torno de várias arestas que terão ainda de ser delineadas.
Nem russos, nem americanos avançaram detalhes sobre os resultados do encontro. As primeiras conversações técnicas aconteceram no mês de Abril, em Roma e deverão continuar dentro em breve.
Neste processo em que Washington deposita grandes esperanças, a delegação americana é coordenada por Rose Gottemoeller, sub-secretária de Estado para a aplicação dos acordos sobre o controle de armamento. A equipa russa é liderada por Anatoli Antonov, director do departamento de Segurança e Desarmamento do ministério dos negócios estrangeiros.
Muitos são os que desconfiam da concretização satisfatória de todo este processo, mas, dando legitimidade ao mesmo, os presidentes da Rússia, Dmitri Medeved, e dos Estados Unidos, Barack Obama, concordaram em concluir um compromisso de desarmamento nuclear antes do vencimento do START no final de 2009.
O objectivo principal desta tarefa passa por reformular o tratado em vigor, prestes a expirar e que provem da época da Guerra Fria, estando já bastante desactualizado.
Como se seria de esperar, várias vozes surgem duvidando das tão boas intenções desta ideia.
Um dos especialistas que mais recentemente se pronunciou sobre o tema, foi Samir Amin, director da Plataforma do Terceiro Mundo, presente na recente edição das Conferências do Estoril, certame onde o mesmo afirmou recear que os Estados Unidos estejam a salvaguardar a sua possível e publicitada desmilitarização, tornando a OTAN cada vez mais uma organização à sua medida e apetrechando-a te todos os meios capazes de defender os interesses americanos, para tal, enriquecendo-a do ponto de vista material, sob a capa do fortalecimento de uma entidade multilateral, capaz de proteger os interesses do mundo ocidental.

Semanário

Milhão e meio de empregados portugueses não ganha sequer 600 euros

Perto de um milhão e meio (1.429.300) dos empregados portugueses não leva para casa 600 euros/mês, líquidos e outro milhão (1.027.800) ganha um pouco mais mas só até aos 900 euros. Há mais pessoas (147.800) a ganhar menos de 310 euros do que entre 1800 e 2500 euros (101.400). Há quem trabalhe a troco de um salário em espécie (quase 56.000 no primeiro trimestre) e Portugal regista já 326.000 pessoas que são confrontadas com a necessidade de acumular um segundo trabalho. Entre trabalhadores com contratos precários, independentes e operários a tempo parcial "forçado", temos 1,6 milhões de pessoas a laborar em instabilidade permanente. Há ainda 900.000 a trabalhar regularmente mais de 41 horas por semana.

Portugal está a viver um tempo de crise. Crise agravada pelas baixas remunerações e pela precariedade do emprego. Por isso, para muitos trabalhadores, um emprego e um só salário não são suficientes para pagar as contas. É uma das conclusões de um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) referente ao primeiro trimestre de 2009, que contabilizou a existência de 326.000 pessoas, confrontadas com a necessidade de acumular um segundo trabalho.
Este é um dos sinais mais visíveis dos baixos salários pagos no país, com as consequentes "sérias dificuldades" entre aqueles a quem o trabalho afinal não redime nem afasta da pobreza. O INE e os estudiosos do fenómeno apontam para "centenas de milhar de pessoas que saem de um emprego com salários baixos e entram noutro, também fracamente remunerado, porque não têm outra alternativa".
De acordo com os dados do INE, "um terço dos empregados, isto é, perto de um milhão e meio leva para casa um salário que não chega aos 600 euros mensais, líquidos". Há outro milhar que ganha um pouco mais, mas só até aos 900 euros por mês. Outro dado do INE: há mais pessoas a ganhar menos de 310 euros (147.800) do que a levar para casa entre 1800 e 2.500 euros (101.400) e que "pode ser explicado pelo trabalho a tempo parcial", segundo os técnicos.
Para o docente universitário, António Dornelas, a explicação é simples: "A razão que leva a acumular empregos descende em linha directa dos baixos salários, pois as pessoas precisam de uma segunda actividade para terem um rendimento suficiente". O professor do ISEG, João Ferreira do Amaral, acrescenta-lhe outro factor: "as dívidas, pois as famílias portuguesas estão em segundo lugar na lista das mais endividadas da União Europeia". Aliás, para este docente, "num sistema que integra inúmeros factores — a precariedade (que leva a procurar mais do que uma fonte de rendimento) e o trabalho em ‘part-time' (de onde não vem dinheiro suficiente) — explicam o duplo emprego", Duplo emprego que, no primeiro trimestre deste ano, contabilizava 325.900 pessoas, um pouco menos dos que os 339.800 do quarto trimestre de 2008.
Já agora saiba que nos "duplamente empregados", quase todos têm um primeiro trabalho na agricultura e pesca ou nos serviços, mas todos procuram a mesma segunda ocupação: um lugar nos serviços (destino de seis em cada 10 pessoas) e só um décimo escolhe trabalhar a terra, na maioria dos casos para consumo próprio.

56.000 trabalham a troco de coisas

Apesar de estar a cair em desuso, trabalhar não a troco de dinheiro, mas de coisas — como alojamento, alimentação, senhas de combustível — a verdade é que esta é a realidade para dezenas de milhar de pessoas em Portugal. No primeiro trimestre deste ano, havia registo de quase 56.000 pessoas a trabalhar por um salário em espécie. Trata-se de um fenómeno bem localizado, pois 40.000 estão no Norte e os restantes no Centro.
Trata-se de um fenómeno que já foi bem pior, pois há dez anos eram o dobro. Mas também há quem trabalhe para um familiar, sem receber remuneração: 11.400 no primeiro trimestre de 2009, e também localizado no Norte (mais de metade daquele número).
Ainda a descer, no primeiro trimestre do ano corrente, mas por outras razões como a crise económica e financeira, estão os que dizem que a sua principal fonte de rendimentos são os lucros de empresas, dividendos de acções, juros ou rendas. Com efeito, depois de anos em que este grupo de pessoas ia aumentando, neste trimestre esse número baixou para 429.000 pessoas, quase todas a viver nas regiões Norte e Centro.
A crise está a atingir severamente os mais desfavorecidos, pois está a levar ao forte aumento dos beneficiários de subsídio de desemprego. Isto apesar de "mais de metade das pessoas sem trabalho não terem direito a esta prestação". Com efeito, segundo o INE, os subsidiados eram 237.000 e quase metade estava no Norte.


Semana de trabalho acima das 40 horas

Segundo a lei, uma semana de trabalho tem 40 horas. Todavia, ela prevê excepções, mas a maioria dos especialistas ligados a esta área laboral, não acredita que todos os 880.000 trabalhadores que responderam ao inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE) dizendo que "dedicavam regularmente" mais do que 41 horas por semana, estejam, de facto, a "receber o pagamento correspondente às horas suplementares ou sequer tenham isenção de horário, também pago para além do respectivo salário base".
A verdade é que no relatório do INE não está indicada a razão pela qual "quatro em cada 10 trabalhadores a tempo inteiro costumam estar mais tempo no emprego do que o previsto na lei".
A docente Aurora Teixeira admite que haja casos em que este trabalho suplementar será pago, mas também admite que "está enraizado o hábito de trabalhar para além do horário habitual".
Já João Ferreira do Amaral, sublinha que "até há pouco tempo, a Europa estava a reduzir o número de horas trabalhadas, chegando em muitos casos, às 35 horas semanais". Só que, segundo a sua leitura, "a globalização trouxe para a Europa produtos fabricados com muito menores custos laborais, como por exemplo, a China, e, assim, em Portugal as pessoas vêem-se confrontadas com a necessidade de trabalhar mais, para não perder o seu emprego".
António Dornelas alinha nesta deriva, achando que "será esta também uma das variáveis da flexibilidade a que as empresas acedem com maior facilidade e, por isso, é tão usada e abusada". A que acresce, diz, o facto de "nós, em Portugal, fazermos muita coisa por imitação".


Precários os mais vulneráveis

Os mais vulneráveis são os trabalhadores precários, com receio de perder o emprego, sobretudo com a crise económica e o seu cortejo de falências e de despedimentos.
O certo é que desde que a crise atacou a economia, em Setembro passado desapareceram 29.000 "recibos verdes" e os contratos a prazo diminuíram em 41.000 pessoas. Uma pequena parte, segundo o INE terá passado aos quadros da empresa, mas a maioria ficou desempregada e, no caso dos chamados "independentes" com a agravante de terem ficado sem direito ao subsídio de desemprego.
Mesmo assim e tendo em conta este impacto da não renovação de contrato e da dispensa do serviço, a verdade é que no primeiro trimestre deste ano havia 687.000 trabalhadores com contrato a termo e 888.000 por conta própria, mas "sem terem pessoas a trabalhar para si". Ou seja, a maioria é um "falso recibo verde", e havia mais de um milhão e meio de trabalhadores precários.
Resumindo: entre pessoas com contratos precários, independentes e trabalhadores a tempo parcial "forçado", Portugal contava no primeiro trimestre deste ano, "mais de 1,6 milhões de pessoas que estavam (estão) a laborar em instabilidade permanente".

Lília Marcos

Semanário