Estudo do Governo revela que o mercado não precisa da mão-de-obra estrangeira. Associações saem hoje à rua pedindo legalização para trabalhadores clandestinos
Sectores como o comércio, a agricultura, o têxtil, o calçado ou a prestação de serviços garantem não ter necessidade de mais mão de obra estrangeira no próximo ano. É isso que indica o estudo no qual o Governo se baseou para reduzir para metade a definição da quota para novos imigrantes. O sociólogo Pedro Góis garante que "eles vão continuar a chegar e a encontrar o seu emprego".
No estudo coordenado pelo Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, a que o DN teve acesso, a indústria textil ou a agricultura falam de uma estagnação e estabilização da procura de mão-de-obra estrangeira. Outros, como os da prestação de serviços ou do calçado reconhecem também que não têm "necessidade acrescida" de novos imigrantes. Apenas no sector do construção, a contratação de mão-de-obra imigrante deverá depender da realização das grandes obras públicas, ainda não aprovadas. Os dados constam de um inquérito feito a 16 grandes, pequenas e médias empresas consideradas representativas do sectores, de forma a consolidar a informação sobre as oportunidades de emprego em 2009.
Nas conclusões do estudo é aconselhado um valor não superior a 3800 vagas, precisamente o número fixado pelo Governo para a concessão de vistos de residência a cidadãos de fora da UE durante este ano.
A quebra para metade da quota de imigrantes é mais um motivo que vai levar hoje os imigrantes às ruas de Lisboa, numa Acção de Luta Europeia (ver texto ao lado). À qual se soma a necessidade de sublinhar a "enorme riqueza demográfica e económica e a diversidade de cultura que os imigrantes dão às sociedades", refere Timóteo Macedo, presidente da Associação Solidariedade Imigrante.
O investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Pedro Góis, lembra que "a quota é apenas uma decisão política e não é um número real" e garante que "Portugal precisa de mão de obra imigrante". O sociólogo realça "o importante contributo económico, demográfico, cultural" destes trabalhadores estrangeiros.
"Não existe correlação entre o desemprego e a imigração", defende também o antigo Alto Comissário para a Imigração e Minorias, José Leitão. Pelo contrário, "é conhecido o empreendorismo de origem imigrante, porque quem vem para Portugal vem para trabalhar".
"Não concordo com a redução das quotas, que é um problema difícil", diz o ex-Alto Comissário para a Imigração e Minorias, António Vaz Pinto, que defende uma política de imigração " cuidadosa".
Diário de Notícias
sexta-feira, 29 de maio de 2009
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