sábado, 30 de maio de 2009

Obama procura concretizar desmilitarização militar

O novo presidente norte-americano fez da campanha a favor do desarmamento mundial uma das suas bandeiras na campanha que o levou até à Casa Branca, agora a nova Administração americana tenta acertar agulhas com Moscovo para que os arsenais nucleares de ambos os Estados sejam diminuídos

Até ao último Verão, o mundo pensava que o perigo de uma utilização nuclear passava por uma utilização descabida, de armas de destruição massiva, na região da Caxemira ou através de um ataque com base em Pyongyang ou Teerão, caso o programa nuclear de Ahmadinejad venha a obter sucesso.
Contudo, após o despontar de um inesperado conflito na zona do Cáucaso, com a Rússia a invadir a Geórgia e a afrontar directamente os interesses do Ocidente, fazendo assim pairar no ar a ideia de uma nova Guerra Fria, há muito esquecida, após o fim do mundo bipolar, fizeram com que se tivesse a noção de que a atitude da Rússia dos nossos dias volta a ser mais musculada, numa tentativa de se impor na arena internacional e recuperar a hegemonia na sua esfera de influência, ameaçada pelas aproximações da OTAN.
Este regresso de uma Rússia forte, possuidora de um grande potencial atómico e a fazer renascer uma política de pulso forte e com vontade de relançar a imagem do país como grande potência mundial, o que faz crescer o receio sobre um possível conflito de larga escala faz com que a tentativa de Obama em diminuir o potencial nuclear seja encarada com maior ênfase.

Discussão nuclear já se iniciou

Tendo em vista tal objectivo, a Rússia e os Estados Unidos iniciaram na passada semana, em Moscovo, depois de reuniões preparatórias anteriormente decorridas, as negociações sobre o desarmamento nuclear. Este passo ganha ainda mais importância, uma vez que nos aproximamos a passos largos de Dezembro, altura em que se extingue o tratado START, que visa limitar os arsenais dos dois países.
As conversações que decorreram em Moscovo, tiveram a duração de dois dias, período em que muito se deve ter discutido em torno de várias arestas que terão ainda de ser delineadas.
Nem russos, nem americanos avançaram detalhes sobre os resultados do encontro. As primeiras conversações técnicas aconteceram no mês de Abril, em Roma e deverão continuar dentro em breve.
Neste processo em que Washington deposita grandes esperanças, a delegação americana é coordenada por Rose Gottemoeller, sub-secretária de Estado para a aplicação dos acordos sobre o controle de armamento. A equipa russa é liderada por Anatoli Antonov, director do departamento de Segurança e Desarmamento do ministério dos negócios estrangeiros.
Muitos são os que desconfiam da concretização satisfatória de todo este processo, mas, dando legitimidade ao mesmo, os presidentes da Rússia, Dmitri Medeved, e dos Estados Unidos, Barack Obama, concordaram em concluir um compromisso de desarmamento nuclear antes do vencimento do START no final de 2009.
O objectivo principal desta tarefa passa por reformular o tratado em vigor, prestes a expirar e que provem da época da Guerra Fria, estando já bastante desactualizado.
Como se seria de esperar, várias vozes surgem duvidando das tão boas intenções desta ideia.
Um dos especialistas que mais recentemente se pronunciou sobre o tema, foi Samir Amin, director da Plataforma do Terceiro Mundo, presente na recente edição das Conferências do Estoril, certame onde o mesmo afirmou recear que os Estados Unidos estejam a salvaguardar a sua possível e publicitada desmilitarização, tornando a OTAN cada vez mais uma organização à sua medida e apetrechando-a te todos os meios capazes de defender os interesses americanos, para tal, enriquecendo-a do ponto de vista material, sob a capa do fortalecimento de uma entidade multilateral, capaz de proteger os interesses do mundo ocidental.

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